A todos os cúmplices da fantástica jornada antropológica, com um renovado agradecimento pelo companheirismo e um abraço grande e amigo. (Zé Paulo)
“Não compreende o que quero dizer? Confesso-lhe que me sinto cansado. Perco o fio do discurso, já não possuo aquela clareza de espírito à qual os meus amigos se compraziam em prestar homenagem. Digo amigos, aliás, por princípio. Já não tenho amigos, não tenho senão cúmplices. Em contrapartida, o seu número aumentou, são o género humano. E, no género humano, é o senhor o primeiro. O que está presente é sempre o primeiro.” – Albert Camus, “A Queda”
Em particular para o grande amigo Zé Carlos, com os Parabéns pela conclusão do curso, mas também para todos quantos imaginam poder mudar o mundo, nomeadamente através das ciências sociais
“Sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo”
Ricardo Reis, “Odes”
São palavras provocadoras estas, que podem suscitar infindas discussões e desafiar-nos, como aconteceu ao Saramago, que a propósito delas terá escrito o seu “Ano da Morte de Ricardo Reis”. No fundo, talvez não passem de uma outra forma de enunciar aquela velha disputa entre reflectir e agir, que tem uma já longa tradição na nossa história.
Pode a nossa vontade mover mundos, ou nem uma partícula de pó mudará com a nossa passagem pela terra? Chamaremos sábio àquele que se contenta com a contemplação do “espectáculo do mundo”, ou antes àquele que se dedica a tentar transformá-lo?
Conhecendo como julgo conhecer o(s) destinatário(s) deste texto, julgo saber bem qual o sentido de escolha nesta dicotomia. Enfim, talvez nem sequer se trate de uma verdadeira dicotomia, mas lembrei-me de a trazer aqui como uma pequena provocação.
Que a determinação do teu querer, amigo, nunca separada de uma busca incessante da lucidez, te permita fazeres o mundo pular e avançar, como a célebre “bola colorida / entre as mãos de uma criança”.
Um abraço grande! (Zé Paulo)